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notas da realidade ficcionada na lezíria
Nos westerns tradicionais o bem e o mal bateram-se, sempre, ao pôr-do-sol. Preto no branco. Mas, a vida são tantas verdades que será difícil reduzi-la ao confronto exclusivo e dogmático. Em O homem que matou Liberty Valance, há uma alteração dos pressupostos e adiciona-se o elemento racional, bem como a educação, sugerindo-se, aliás, que esta é a base da lei e da ordem. Talvez com isto, Ford quisesse dizer que a educação é a base de melhor civilização, o que implicará melhorias significativas e assinaláveis no comportamento dos homens e da sua forma de olhar em volta. A educação deveria ser, hoje, o elemento fundamental no nosso combate interior contra o preconceito intimista, pois é ele o principal rival das oportunidades e da harmonia social. Mas não é. Ainda não conseguimos educar contra o preconceito, o snobismo, a jactância de uma certa arrogância claustrofóbica que consome os chamados centros de decisão. Quando Salinger tentou publicar Catcher in the Rye, pela primeira vez, o editor a quem confiara o manuscrito ter-lhe-á dito que Holden Caulfield era louco. O escritor saiu dos escritórios a correr e em lágrimas. Naquele centro de decisão estava um homem que não compreendia a literatura, não obstante ser aquele o seu ofício. É possível que, ainda hoje, haja quem considere Salinger o arrogante. É a falta de talento quem tem, assim, mais prazer em decidir. O seu preconceito é a verdade que prevalece sobre os outros e não parece haver formação que lhes valha. Como eles, outros estarão à frente das grandes escolas para a cultura: a rádio, a imprensa, o cinema, a televisão, as salas de espectáculo.