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notas da realidade ficcionada na lezíria
A primeira vez que o vi foi numa casa de fados ali na Artilharia 1. Parecia meio deslocado quando chegou, um desgraçado que vinha cantar o fado. Sentou-se ao pé de mim a fumar e pouco falou. Tinha um ar humilde e, de certo modo, subserviente. Confesso que me fez pena. Dava ares de quem trazia fome e que, talvez depois de cantar 3 ou 4 fados, lhe pagariam qualquer coisinha para se aguentar mais 2 ou 3 dias. Ontem vi-o numa capa de revista, com ar de velho do mar, sabido e confiante.. Pousei a revista, sorri para mim mesmo e lembrei-me de uma dessas canções de borda d'água que o tornaram famoso:
"Põe o negro xaile
solto nos teus ombros.
Quero ouvir cantar.
Porque em minhas mãos
Há uma guitarra
Pronta p'ra trinar."