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notas da realidade ficcionada na lezíria
Decidi há algum tempo que o meu filme preferido de João César Monteiro é Veredas. Ao longo desta narrativa tão difícil, o país vai surgindo lentamente, entre a autenticidade do folclore, a espiritualidade e a ética da tradição. E é aqui que concluímos que o folclore que se vai transmitindo de geração em geração tem uma nobreza natural que a tradição imposta pelo provincianismo, no pior dos seus sentidos, nunca poderá atingir, pois a sua principal preocupação é devastar tudo em volta, construir sobre a natureza, dominar, restringir, até conseguir, por fim, criar um dogma cultural, uma ilusão a que muitos se submeteram e que deixaram de questionar. Por entre os caminhos inóspitos de um Portugal pouco consciente da sua origem, Veredas é um ensaio idiossincrático que vai à procura da raiz do povo e do seu território através de uma luz e de uma cor que o país reserva apenas para os seus amantes.