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notas da realidade ficcionada na lezíria
Da minha janela de infância ainda vejo, por vezes, o rio lá ao fundo, a ponte, a luz sobre os prédios brancos, as manhãs frescas e claras ao som da Dança dos Pássaros; na televisão, os separadores da Continuidade a transmitir imagens de Lisboa ou os desenhos animados e eu a sonhar como um Tom Sawyer no séc. XX., a sair pelas ruas a correr, as roupas coloridas, o cheiro do verão, a dança dos pássaros. Comprei uns óculos de sol azuis e verdes que me fazem lembrar esses dias. Nem sei bem porquê. Mas a estética da nossa memória é algo tão íntimo que só nós conseguimos ver. Lembras-te? Claro que não te lembras. Inventei esta memória para mim, da televisão, da luz da manhã, da dança dos pássaros, da música do Vargas, dos azuis e verdes misturados na minha indumentária infantil. É um conforto.