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notas da realidade ficcionada na lezíria
"É evidente que o meu conceito de intelectual não se confunde com a jactância de algumas pessoas que se julgam pertencentes a uma espécie superior, a uma aristocracia que tivesse substituído a cor do sangue, ou o volume do dinheiro amealhado, pelo saber, como elemento de discriminação social. Para mim, o intelectual é o que sabe interpretar, porque o vive, o real com um pensamento mais elaborado do que a maioria das pessoas, no sentido de concorrer, à sua maneira, a um mundo outro, mais fraterno e mais justo."
Tenho pensado nesta ideia do Prof. Manuel Sérgio sempre que o tema da conversa é uma disputa entre o ser pragmático e o ser intelectual. Na verdade, hoje ninguém se quer assumir como intelectual e, ainda assim, tantos que gostariam de o ser. Sem ressentimentos. O ser pragmático não gosta do intelectual. O intelectual ou bem que é um presumido ou um tímido, com vergonha da intelectualidade, e despreza o pragmático. O pragmático devolve-lhe com a acusação de lirismo, misturando literatura com pensamento, numa demonstração inequívoca da sua falta de intelectualidade. É como se usássemos o pensamento para fins meramente utilitários, como arma de arremesso ou distintivo.