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notas da realidade ficcionada na lezíria
Todas as manhãs de Agosto, Nadir acorda angustiado. Talvez porque pense demasiado na felicidade, vai recordando outras manhãs menos tensas, menos angustiantes, todas elas diferentes, tons de felicidade diferentes, pequenas felicidades que juntas lembram uma única e sublime manhã. Chovia nessa manhã em que sentiu as gotas gordas da chuva na cara, por entre os pinheiros de um bosque quase irlandês. Como se agosto não fosse Agosto e fosse antes Augusto de tão divino e luculento. E o cheiro das madressilvas misturava-se com o do papel molhado e do whisky da noite excessiva. E enquanto os outros ressonavam nos quartos do casarão vetusto, eu era feliz a ouvir Elis a cantar a madrugada, entre um e outro cigarro, sem angústias, apenas alguma melancolia. Nadir pensou na feliz melancolia. Tenho pensado na feliz melancolia. Pensado na felicidade. Coisa ridícula.