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notas da realidade ficcionada na lezíria
Sayid salvou-me o dia. Faço o caminho contrário à história da sua chegada, em busca da fonte. Falou-me de um homem chamado Bassel. É ele a chave esclarecida que procuro, entre o drama desta gente que espera na vertigem da vida, os meandros do tráfico de pessoas e a origem da tragédia. Sentado junto ao canal, cansado e resignado, o sírio traz no rosto todos esses mistérios - a verdade sobre o mundo. Não o posso ajudar mais. Não posso levá-lo para casa, como quem resgata um cachorrito no canil para se sentir em comunhão com o cosmos. Dois homens olham-me com desconfiança e segredam entre si, deixando bem claro que é de mim que estão a falar. Não lhes faço a desfeita e afasto-me. Procuro mais um testemunho. Encontro um homem do Conselho Belga para os Refugiados, não muito afável. Diz-me umas quantas banalidades e arranja uma desculpa para sair dali. Não parece haver ninguém aqui que não tenha um ar comprometido. Talvez Bassel me ajude a compreender. Irei encontrá-lo em Paris. Prepara-se para embarcar para Berlim, onde a família o aguarda.