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notas da realidade ficcionada na lezíria
Uma cidade mestiça é uma cidade mestiça e não há nada a fazer. Todos os dias somos coisas diferentes. Umas vezes homens do rio, outras do campo e outras ainda dos montes. Acordamos no meio desta cidade a querer ser muita gente, a querer ser gente. E então fala-se alto, gesticula-se, como se cada momento fosse o derradeiro, na ânsia de se ser notado, e o que parece uma vaidade é só o medo da insignificância. É um medo que se transforma em tensão que nos amarga os corações. É gente rude, dizem. Mas, como, se a cada olhar cruzado com o rio, a cada movimento da muleta, a cada respirar dos bichos, a cada compasso fandango, os olhos se deitam sobre a vida como velhos amantes que se tocam com gestos de cuidado?