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notas da realidade ficcionada na lezíria
Viver num tempo em que se compreende a gravidade de uma depressão na perspectiva clínica é fascinante. Não nos pode, no entanto, desviar a atenção do nosso entendimento do outro. O paciente da depressão enfrentará um período de convalescença dos mais longos que a medicina conhece, porque esse período não é apenas o da conclusão clínica do caso, mas o do renascimento do próprio ser dentro da sociedade, com novos mecanismos de defesa e, com toda a certeza, com a sua nova percepção das coisas. Talvez lhe pudéssemos chamar um homem novo, na medida em que se libertou dos seus bloqueios ou se fechou para sempre do exterior. Transformou-se. O pós-deprimido é, por isso, o resultado da metamorfose.